Livros de Nelson Rodrigues

Não há nada mais relapso do q a memória. Atrevo-me mesmo a dizer q a memória é uma vigarista, uma emérita falsificadora d fatos e d figuras.

Sobre o Autor

Nelson Rodrigues

Nelson Rodrigues (1912-1980), escritor e autor de teatro brasileiro.

Melhores Livros de Nelson Rodrigues

Mais frases de Nelson Rodrigues

Deus está nas coincidências.

Invejo a burrice, porque é eterna.

Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos...

Não existe família sem adúltera.

Não se apresse em perdoar. A misericórdia também corrompe.

Nem todas mulheres gostam de apanhar, só as normais.

O amor entre marido e mulher é uma grossa bandalheira. É abjeto que um homem deseje a mãe de seus próprios filhos.

O brasileiro, quando não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte.

O dinheiro compra até o amor verdadeiro.

O pudor é a mais afrodisíaca das virtudes.

Qualquer indivíduo é mais importante do que a Via Láctea.

Só o cinismo redime um casamento. É preciso muito cinismo para que um casal chegue às bodas de prata.

Só o inimigo não trai nunca.

Todo ginecologista devia ser casto. O ginecologista devia andar com batina, sandálias e coroinha na cabeça. Como um São Francisco de Assis, com luva de borracha e um passarinho em cada ombro.

A plateia só é respeitosa quando não está a entender nada.

A liberdade é mais importante do que o pão.

Se todos conhecessem a intimidade sexual uns dos outros, ninguém cumprimentaria ninguém.

Só o rosto é indecente. Do pescoço para baixo, podia-se andar nu.

A prostituta só enlouquece excepcionalmente. A mulher honesta, sim, é que, devorada pelos próprios escrúpulos, está sempre no limite, na implacável fronteira.

As grandes convivências estão a um milímetro do tédio.

O amor entre marido e mulher é uma grossa bandalheira. É degradante que um homem deseje a mãe dos seus próprios filhos.

O jovem tem todos os defeitos do adulto e mais um: o da inexperiência.

O sábado é uma ilusão.

Convém não facilitar com os bons, convém não provocar os puros. Há no ser humano, e ainda nos melhores, uma série de ferocidades adormecidas. O importante é não acordá-las.

Sem paixão não dá nem pra chupar um picolé

Todo amor é eterno. Se não é eterno, não era amor.

Os homens mentiriam menos se as mulheres fizessem menos perguntas.

Todo amor é eterno. Se não é eterno, não era amor.

As vaias são os aplausos dos desanimados.

Só acredito nas pessoas que ainda se ruborizam

Amar é dar razão a quem não tem.

A grande vaia é mil vezes mais forte, mais poderosa, mais nobre do que a grande apoteose. Os admiradores corrompem.

O brasileiro não está preparado para ser o maior do mundo em coisa nenhuma. Ser o maior do mundo em qualquer coisa, mesmo em cuspe à distância, implica uma grave, pesada e sufocante responsabilidade.

O artista tem que ser gênio para alguns e imbecil para outros. Se puder ser imbecil para todos, melhor ainda.

A mulher ideal deve ser dama na mesa e puta na cama.

O jovem tem todos os defeitos do adulto e mais um - O da imaturidade .

Perfeição é coisa de meniniha, tocadora de piano

Toda a unanimidade é burra

Nada mais cretino e mais cretinizante do que a paixão política. É a única paixão sem grandeza, a única que é capaz de imbecilizar o homem.

Ser bonita não interessa. Seja interessante!

O boteco é ressoante como uma concha marinha. Todas as vozes brasileiras passam por ele.

O brasileiro é um feriado.

Se os fatos são contra mim, pior para os fatos.

Amar é ser fiel a quem nos trai

A cama é um móvel metafísico.

O homem de bem é um cadáver mal informado. Não sabe que morreu

O homem só é feliz pelo supérfluo. No comunismo, só se tem o essencial. Que coisa abominável e ridícula!

Perfeição é coisa de menininha tocadora de piano.

Tarado é toda pessoa normal pega em flagrante Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos. Ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada não há amor possível. Dinheiro compra tudo. Até amor verdadeiro. Só não estamos de quatro, urrando no bosque, porque o sentimento de culpa nos salva. No Brasil, quem não é canalha na véspera é canalha no dia seguinte. A morte de um velho amigo é uma catástrofe na memória. Todas nossas relações com o passado ficam alteradas. Deus só freqüenta as igrejas vazias. Copacabana vive, por semana, sete domingos. Não ama seu marido? Pois ame alguém, e já. Não perca tempo, minha senhora! A fome é mansa e casta. Quem não come não ama, nem odeia. Todo ginecologista devia ser casto. O ginecologista devia andar de batina, sandálias e coroinha na cabeça. Como um são Francisco de Assis, com a luva de borracha e um passarinho em cada ombro. A verdadeira grã-fina tem a aridez de três desertos. No passado, a notícia e o fato eram simultâneos. O atropelado acabava de estrebuchar na página do jornal. Não reparem que eu misture os tratamentos de tu e você. Não acredito em brasileiro sem erro de concordância. Nossa ficção é cega para o cio nacional. Por exemplo: não há, na obra do Guimarães Rosa, uma só curra. Os magros só deviam amar vestidos, e nunca no claro. Um filho, numa mulher, é uma transformação. Até uma cretina, quando tem um filho, melhora. O cardiologista não tem, como o analista, dez anos para curar o doente. Ou melhor: - dez anos para não curar. Não há no enfarte a paciência das neuroses Não há ninguém mais vago, mais irrelevante, mais contínuo do que o ex-ministro. Nunca a mulher foi menos amada do que em nossos dias. O Natal já foi festa, já foi um profundo gesto de amor. Hoje, o Natal é um orçamento. Enquanto um sábio negro não puder ser nosso embaixador em Paris, nós seremos o pré-Brasil. Se eu tivesse que dar um conselho, diria aos mais jovens: - não façam literatice. O brasileiro é fascinado pelo chocalho da palavra. Qualquer menino parece, hoje, um experimentado e perverso anão de 47 anos. Quero crer que certas épocas são doentes mentais. Por exemplo: - a nossa. Sexo é para operário. Desconfio muito dos veementes. Via de regra, o sujeito que esbraveja está a um milímetro do erro e da obtusidade. Falta ao virtuoso a feérica, a irisada, a multicolorida variedade do vigarista.

A solidão começou para o verdadeiro católico. Tomem nota: — ainda seremos o maior povo ex-católico do mundo. O casamento já é indissolúvel na véspera. A educação sexual só devia ser dada por um veterinário. Antigamente, o defunto tinha domicílio. Ninguém o vestia às pressas, ninguém o despachava às escondidas. Permanecia em casa, dentro de um ambiente em que até os móveis eram cordiais e solidários. Armava-se a câmara-ardente num doce sala de jantar ou numa cálida sala de visitas, debaixo dos retratos dos outros mortos. Escancaravam-se todas as portas, todas as janelas; e esta casa iluminada podia sugerir, à distância, a idéia de um aniversário, de um casamento ou de um velório mesmo. Sou contra a pílula, e ainda mais contra a ciência que a inventou; a saúde pública que a permite; e o amor que a toma. Diz o dr. Alceu que a Revolução Russa é o maior acontecimento do século. Como se engana o velho mestre! O maior acontecimento do século é o fracasso dessa mesma revolução. O dr. Alceu fala a toda hora na marcha irreversível para o socialismo. Afirma que a Revolução Russa também é irreversível. Em primeiro lugar, acho admirável a simplicidade com que o mestre administra a História, sem dar satisfações a ninguém, e muito menos à própria História. Não lhe faria mal nenhum um pouco mais de modéstia. De mais a mais, quem lhe disse que a Revolução Russa é irreversível? Só Deus sabe que fiz o diabo para ser amigo do nosso Tristão de Athayde. Durante cinco anos, telefonei-lhe em cada véspera de Natal: — Sou eu, dr. Alce. Vim desejar-lhe um maravilhoso Natal para si e para os seus etc etc. Tudo inútil. O dr. Alceu trancou-me o coração. Até que, na última vez, disse algo que, para mim, foi uma paulada: — Ah, Nelson! Você aí, nessa lama!. O mestre insinuara que a minha alma é um mangue, um pântano, um lamaçal. E, por certo, ao sair do telefone, foi se vacinar contra o tifo, a malária e a febre amarela que vivo a exalar. Pois é o que nos separa eternamente, a mim e ao dr. Alceu: — de um lado, a minha lama, e , de outro, a sua luz. Outrora, o remador de Bem-Hur era um escravo, mas furioso. Remava as 24 horas por dia, porque não havia outro remédio e por causa das chicotadas. Mas, se pudesse, botaria formicida no café dos tiranos. Em nosso tempo, o socialismo inventou outra forma de escravidão: — a escravidão consentida e até agradecida. A Igreja está ameaçada pelos padres de passeata, pelas freiras de minissaia e pelos cristãos sem Cristo. Hoje, qualquer coroinha contesta o Papa. O padre de passeata é hoje, uma ordem tão definida, tão caracterizada como a dos beneditinos, dos franciscanos, dos dominicanos e qualquer outra. E está a serviço do ódio. Os padres exigem o fim do celibato. Portanto, odeiam a castidade. Imaginem um movimento de meretrizes a favor da castidade. Pois tal movimento não me espantaria mais do que o motim dos padres contra a própria. Os padres querem casar. Mas quem trai um celibato de 2 mil anos há de trair um casamento em quinze dias. O tempo das passeatas acabou, mas o padre de passeata continua, inexpugnável no seu terno da Ducal e vibrando, como um estandarte, um Cristo também de passeata. D. Helder só olha o céu para saber se leva ou não o guarda-chuva. D. Helder já esqueceu tanto a letra do Hino Nacional quanto a da Ave-Maria. Prega a luta armada, a aliança do marxismo e do cristianismo. Se ele pegasse uma carabina e fosse para o mato, ou para o terreno baldio, dando tiros em todas as direções, como um Tom Mix, estaria arriscando a pele, assumindo uma responsabilidade trágica e eu não diria nada. Mas não faz isso e se protege com a batina. Sabe que um D. Helder sem batina, um D. Helder almofadinha, de paletó ou de terno da Ducal, não resistiria um segundo. Nem um cachorro vira-lata o seguiria. Estou imaginando se, um dia, Jesus baixasse à Terra. Vejo Cristo caminhando pela rua do Ouvidor. De passagem, põe uma moeda no pires de um ceguinho. Finalmente, na esquina a Avenida, Jesus vê D. Helder. Corre para ele; estende-lhe a mão. D. Helder responde: — Não tenho trocado!. E passa adiante. No Brasil, só se é intelectual, artista, cineasta, arquiteto, ciclista ou mata-mosquito com a aquiescência, com o aval das esquerdas. Não há ninguém mais bobo do que um esquerdista sincero. Ele não sabe nada. Apenas aceita o que meia dúzia de imbecis lhe dão para dizer. As feministas querem reduzir a mulher a um macho mal-acabado. Considero o filho único um monstro de circo de cavalinhos, um mártir, mártir do pai, mártir da mãe e mártir dessas circunstâncias. As famílias numerosas são muito mais normais, mais inteligentes e mais felizes. Na velha Rússia, dizia um possesso dostoievskiano: — Se Deus não existe tudo é permitido. Hoje, a coisa não se coloca em termos sobrenaturais. Não mais. Tudo agora é permitido se houver uma ideologia. Quando os amigos deixam de jantar com os amigos [por causa da ideologia], é porque o país está maduro para a carnificina. Antigamente, o silêncio era dos imbecis; hoje, são os melhores que emudecem. O grito, a ênfase, o gesto, o punho cerrado, estão com os idiotas de ambos os sexos. [Até o século XIX] o idiota era apenas o idiota e como tal se comportava. E o primeiro a saber-se idiota era o próprio idiota. Não tinha ilusões. Julgando-se um inepto nato e hereditário, jamais se atreveu a mover uma palha, ou tirar um cadeira do lugar. Em 50, 100 ou 200 mil anos, nunca um idiota ousou questionar os valores da vida. Simplesmente, não pensava. Os melhores pensavam por ele, sentiam por ele, decidiam por ele. Deve-se a Marx o formidável despertar dos idiotas. Estes descobriram que são em maior número e sentiram a embriaguez da onipotência numérica. E, então, aquele sujeito que, há 500 mil anos, limitava-se a babar na gravata, passou a existir socialmente, economicamente, politicamente, culturalmente etc. houve, em toda parte, a explosão triunfal dos idiotas. Outrora, os melhores pensavam pelos idiotas; hoje, os idiotas pensam pelos melhores. Criou-se uma situação realmente trágica: — ou o sujeito se submete ao idiota ou o idiota o extermina. Qualquer indivíduo é mais importante que toda a Via Láctea. Ainda ontem dizia o Otto Lara Resende: — O cinema é uma maneira fácil de ser intelectual sem ler e sem pensar. Mas não só o cinema dá uma carteirinha de intelectual profundo. Também o socialismo. Sim, o socialismo é outra maneira facílima de ser intelectual sem ligar duas idéias. Eu amo a juventude como tal. O que eu abomino é o jovem idiota, o jovem inepto, que escreve nas paredes É proibido proibir e carrega cartazes de Lenin, Mao, Guevara e Fidel, autores de proibições mais brutais. Com o tempo e o uso, todas as palavras se degradam. Por exemplo: — liberdade. Outrora nobilíssima, passou por todas as objeções. Os regimes mais canalhas nascem e prosperam em nome da liberdade. Ah, os nossos libertários! Bem os conheço, bem os conheço. Querem a própria liberdade! A dos outros, não. Que se dane a liberdade alheia. Berram contra todos os regimes de força, mas cada qual tem no bolso a sua ditadura. Como a nossa burguesia é marxista! E não só a alta burguesia. Por toda parte só esbarramos, só tropeçamos em marxistas. Um turista que por aqui passasse havia de anotar em seu caderninho: — O Brasil tem 100 milhões de marxistas. Hoje, o não-marxista sente-se marginalizado, uma espécie de leproso político, ideológico, cultural etc etc. Só um herói, ou um santo, ou um louco, ousaria confessar publicamente: — Meus senhores e minhas senhoras, eu não sou marxista, nunca fui marxista. E mais: — considero os marxistas de minhas relações uns débeis mentais de babar na gravata. No Brasil, o marxismo adquiriu uma forma difusa, volatizada, atmosférica. É-se marxista sem estudar, sem pensar, sem ler, sem escrever, apenas respirando. Marx roubou-nos a vida eterna, a minha e a do Otto Lara Resende. Pois exigimos que ele nos devolva a nossa alma imortal. As cartas de Marx mostram que ele era imperialista, colonialista, racista, genocida, que queria a destruição dos povos miseráveis e sem história, os quais chama de piolhentos, de anões, de suínos e que não mereciam existir. Esse é o Marx de verdade, não o da nossa fantasia, não o do nosso delírio, mas o sem retoque, o Marx tragicamente autêntico. O mundo é a casa errada do homem. Um simples resfriado que a gente tem, um golpe de ar, provam que o mundo é um péssimo anfitrião. O mundo não quer nada com o homem, daí as chuvas, o calor, as enchentes e toda sorte de problemas que o homem encontra para a sua acomodação, que aliás, nunca se verificou. O homem deveria ter nascido no Paraíso. Nas velhas gerações, o brasileiro tinha sempre um soneto no bolso. Mas os tempos parnasianos já passaram. Hoje, ferozmente politizado, ele tem sempre à mão um comício. Entre o psicanalista e o doente, o mais perigoso é o psicanalista. É preciso ir ao fundo do ser humano. Ele tem uma face linda e outra hedionda. O ser humano só se salvará se, ao passar a mão no rosto, reconhecer a própria hediondez. A Rússia, a China e Cuba são nações que assassinaram todas as liberdades, todos os direitos humanos, que desumanizaram o homem e o transformaram no anti-homem, na antipessoa. A história socialista é um gigantesco mural de sangue e excremento. Tão parecidos, Stalin e Hitler, tão gêmeos, tão construídos de ódio. Ninguém mais Stalin do que Hitler, ninguém mais Hitler do que Stalin. Vocês se lembram da fotografia de Stalin e Ribbentropp assinando o pacto nazi-comunista. Ninguém pode esquecer o riso recíproco e obsceno. Se faltou alguém em Nuremberg — foi Stalin. Havia, aqui, por toda parte, amantes espirituais de Stalin. Eram jornalistas, intelectuais, poetas, romancistas. Outros punham nas paredes retratos de Stalin. Era uma pederastia idealizada, utópica e fotográfica. Sou um pobre nato e, repito, um pobre vocacional. Ainda hoje o luxo, a ostentação, a jóia, me confundem e me ofendem. Hoje, o sujeito prefere que lhe xinguem a mãe e não o chamem de reacionário. Em muitos casos, a raiva contra o subdesenvolvimento é profissional. Uns morrem de fome, outros vivem dela, com generosa abundância. O povo é um débil mental. Digo isso sem nenhuma crueldade. Foi sempre assim e assim será, eternamente.

Ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada não há amor possível.

Existem situacões em que até os idiotas perdem a modéstia.

Até os canalhas envelhecem.

Se Euclides da Cunha fosse vivo teria preferido o Flamengo a Canudos para contar a história do povo brasileiro.

Tudo passa, menos a adúltera. Nos botecos e nos velórios, na esquina e nas farmácias, há sempre alguém falando nas senhoras que traem. O amor bem-sucedido não interessa a ninguém.

Não há nada mais relapso do q a memória. Atrevo-me mesmo a dizer q a memória é uma vigarista, uma emérita falsificadora d fatos e d figuras.

Com sorte vc atravessa o mundo, sem sorte vc não atravessa a rua.

Meu Deus, por que existem tantos olhos no mundo?

Qualquer amor há de sofrer uma perseguição assassina. Somos impotentes do sentimento e não perdoamos o amor alheio. Por isso, não deixe ninguém saber que você ama.

A fome é mansa e casta. Quem não come não ama, nem odeia.

Não reparem que eu misture os tratamentos de tu e você. Não acredito em brasileiro sem erro de concordância.

Sou reacionário. Minha reação é contra tudo que não presta.

Toda unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar.

Qualquer um de nós já amou errado, já odiou errado.

O amoroso é sincero até quando mente .

Criou-se uma situação realmente trágica: — ou o sujeito se submete ao idiota ou o idiota o extermina.

Os defeitos existem dentro de nós, ativos e militantes, mas inconfessos...

O ser humano é cego para os próprios defeitos. Jamais um vilão do cinema mudo proclamou-se vilão. Nem o idiota se diz idiota.

Acho a velocidade um prazer de cretinos. Ainda conservo o deleite dos bondes que não chegam nunca.

A beleza interessa nos primeiros quinze dias; e morre, em seguida, num insuportável tédio visual.

Desconfio muito dos veementes. Via de regra, o sujeito que esbraveja está a um milímetro do erro e da obtusidade.

Em 1911 ninguém bebia um copo d´água sem paixão.

Sexta-feira é o dia em que a virtude prevarica.

Cada brasileiro, vivo ou morto já foi Flamengo por um instante, por um dia.

Para qualquer um, a camisa vale tanto quanto uma gravata. Não para o Flamengo. Para o Flamengo a camisa é tudo. Já tem acontecido várias vezes o seguinte:- quando o time não dá nada, a camisa é içada, desfraldada, por invisíveis mãos. Adversários, juízes, bandeirinhas, tremem, então, intimidados, acovardados, batidos. Há de chegar talvez o dia em que o Flamengo não precisará de jogadores, nem de técnicos, nem de nada. Bastará à camisa, aberta no arco. E diante do furor impotente do adversário, a camisa rubro-negra será uma bastilha inexpugnável.

Em nosso século, o grande homempode ser ao mesmo tempo, uma besta!

Toda mulher bonita,é namorada lésbica de si mesma.

A adultera é a mais pura porque está salva do desejo que apodrecia nela.

A televisão matou a janela.

A Grande Guerra seria apenas a paisagem, apenas o fundo das nossas botinadas. Enquanto morria um mundo e começava outro, eu só via o Fluminense

Pode-se identificar um Tricolor entre milhares, entre milhões. Ele se destingue dos demais por uma irradiação específica e deslumbradora.

Se quereis saber o futuro do Fluminense, olhai para o seu passado. A história tricolor traduz a predestinação para a glória.

Eu vos digo que o melhor time é o Fluminense. E podem me dizer que os fatos provam o contrário, que eu vos respondo: pior para os fatos

Uma torcida não vale a pena pela sua expressão numérica. Ela vive e influi no destino das batalhas pela força do sentimento. E a torcida tricolor leva um imperecível estandarte de paixão.

Ser tricolor não é uma questão de gosto ou opção, mas um acontecimento de fundo metafísico, um arranjo cósmico ao qual não se pode - e nem se deseja - fugir.

Se o Fluminense jogasse no céu, eu morreria para vê-lo jogar

Sou tricolor, sempre fui tricolor. Eu diria que já era Fluminense em vidas passadas, muito antes da presente encarnação.

O FLUMINENSE nasceu com a vocação da eternidade...tudo pode passar...só o TRICOLOR não passará jamais.

O Flamengo tem mais torcida, o Fluminense tem mais gente!

Grandes são os outros, o Fluminense é enorme.

...O homem deseja sem amar, a mulher deseja sem amor.

Toda coerência é, no mínimo, suspeita.

Não reparem que eu misture os tratamentos de tu e você. Não acredito em brasileiro sem erro de concordância

Se Cristo, em vez de morrer na cruz, tivesse morrido de coqueluche aos quatro anos,não teria sido Cristo!

Os herois morrem em combate. Não da tempo ao destino de fraga-los na cama ou na cadeira de balanço!

“Falam de tudo. Da moral, do comportamento, dos sentimentos, das reações, dos medos, das imperfeições, dos erros, das criancices, ranzinzisses, chatices, mesmices, grandezas, feitos, espantos. Sobretudo falam do comportamento e falam porque supõem saber. Mas não sabem, porque jamais foram capazes de sentir como o outro sente. Se sentissem não falariam.”

Falam de tudo. Da moral, do comportamento, dos sentimentos, das reações, dos medos, das imperfeições, dos erros, das criancices, ranzinzisses, chatices, mesmices, grandezas, feitos, espantos. Sobretudo falam do comportamento e falam porque supõem saber. Mas não sabem, porque jamais foram capazes de sentir como o outro sente. Se sentissem não falariam.

Nas situações de rotina, um `pó-de-arroz pode ficar em casa abanando-se com a Revista do Rádio. Mas quando o Fluminense precisa de número, acontece o suave milagre: os tricolores vivos, doentes e mortos aparecem. Os vivos saem de suas casas, os doentes de suas camas e os mortos de suas tumbas.

Na mulher interessante, a beleza é secundária, irrelevante e, mesmo, indesejável. A beleza interessa nos primeiros quinze dias; e morre, em seguida, num insuportável tédio visual. Era preciso que alguém fosse, de mulher em mulher, anunciando: - Ser bonita não interessa. Seja interessante!

Ah, os nossos libertários! Bem os conheço, bem os conheço. Querem a própria liberdade! A dos outros, não. Que se dane a liberdade alheia. Berram contra todos os regimes de força, mas cada qual tem no bolso a sua ditadura.

Os herois morrem em combate. Não da tempo ao destino de fraga-los na cama ou na cadeira de balanço!

“Via de regra, cada um de nós morre uma única e escassa vez. Só o ator e reincidente. O ator ou a atriz pode morrer todas as noites e duas vezes aos sábados e domingos.”

Começava a ter medo dos outros. Aprendia que a nossa solidão nasce da convivência humana.

A dúvida é autora das insônias mais cruéis.

Toda autocrítica tem a imodéstia de um necrológio redigido pelo próprio defunto

“Supõe-se que todas as alegrias se parecem. Mas a verdade é que a alegria rubro-negra não se parece com nenhuma outra. Não sei se é funda, ou mais dilacerada, ou mais santa. Só sei que é diferente..”

O problema do tapa não é o tapa, é o barulho.

Na mulher interessante a beleza é secundária, irrelevante e até mesmo desnecessária. A beleza morre nos primeiros quinze dias, num insuportável tédio visual. Era preciso que alguém fosse de mulher em mulher anunciando: ser bonita não interessa, seja interessante.