Há mentiras que são enobrecidas e autorizadas pela civilidade.
É mais útil algumas vezes a extirpação de um erro, que a descoberta de muitas verdades.
Os conselhos dos moços derivam das suas ilusões, os dos velhos, dos seus desenganos.
Quando defendemos os nossos amigos, justificamos a nossa amizade.
Os nossos inimigos contribuem mais do que se pensa para o nosso aperfeiçoamento moral. Eles são os historiadores dos nossos erros, vÃcios e imperfeições.
Podemos reunir todas as virtudes, mas não acumular todos os vÃcios.
A vingança comprimida aumenta em violência e intensidade.
As grandes livrarias são monumentos da ignorância humana. Bem poucos seriam os livros se contivessem somente verdades. Os erros dos homens abastecem as estantes.
Se fôssemos sinceros em dizer o que sentimos e pensamos uns dos outros, em declarar os motivos e fins das nossas ações, serÃamos reciprocamente odiosos e não poderÃamos viver em sociedade.
Há enganos que nos deleitam, como desenganos que nos afligem.
Não somos sempre o que queremos, mas o que as circunstâncias nos permitem ser.
Há um limite nas dores e mágoas que termina a nossa vida, ou melhora a nossa sorte.
Somos muitos francos em confessar e condenar os nossos pequenos defeitos, contanto que possamos salvar e deixar passar sem reparo os mais graves e menos defensáveis.
O lisonjeiro conta sempre com a abonação do nosso amor-próprio.
Quando a cólera ou o amor nos visita a razão se despede.
Os moços são tão solÃcitos sobre o seu vestuário, quanto os velhos são negligentes: aqueles atendem mais à moda e à elegância, estes à sua comodidade.
Desempenhar bem os grandes empregos depende muitas vezes mais das circunstâncias que dos homens.
Deve-se julgar da opinião e caráter dos povos pelo dos seus eleitos e prediletos.
O mal ou bem que fazemos aos outros reverte sobre nós acrescentado.
A riqueza doura a sabedoria e os talentos, mas não os constitui.
Os homens são geralmente tão avaros do seu dinheiro, como pródigos dos seus conselhos.
Ignorância e pobreza vêm de graça, não custam trabalho nem despesa.
Pouco dizemos quando o interesse ou a vaidade não nos faz falar.
Os velhos invejam a saúde e vigor dos moços, estes não invejam o juÃzo e a prudência dos velhos: uns conhecem o que perderam, os outros desconhecem o que lhes falta.
Os anarquistas são como os jogadores infelizes ou inábeis, que, baralhando muito as cartas, ou mudando de baralhos, esperam melhorar de fortuna e condição.
O fraco ofendido atraiçoa, o forte e magnânimo perdoa.
Os pequenos inimigos, ainda que menos danosos, são sempre mais incómodos que os grandes.
Dos especuladores em revoluções muitos se perdem, e poucos prosperam por algum tempo.
Os bens que a ambição promete são como os do amor, melhores imaginados que conseguidos.
Os homens geralmente preferem ser enganados com prazer a ser desenganados com dor e desgosto.
A morte que tira a importância a todos, confere-a a muito poucos.
Onde os homens se persuadem que os governos os devem fazer felizes, e não eles a si próprios, não há governo que os possa contentar nem agradar-lhes.
Sofrei privações na mocidade, e sereis regalados na velhice.
Somos em geral demasiadamente prontos para a censura, e demasiadamente tardos para o louvor: o nosso amor-próprio parece exaltar-se com a censura que fazemos, e humilhar-se com o louvor que damos.
Os que reclamam para si maior liberdade são os que ordinariamente menos a toleram e permitem nos outros.
Os faladores não nos devem assustar, eles revelam-se: os taciturnos incomodam-nos pelo seu silêncio, e sugerem justas suspeitas de que receiam fazer-se conhecer.
Em vão procuramos a verdadeira felicidade fora de nós, se não possuÃmos a sua fonte dentro de nós mesmos.
De todas as paixões do homem, depois de satisfeitas as que são comuns aos brutos, nenhuma tem mais veemência e força para impulsioná-lo, do que o desejo de se distinguir e ser superior aos outros.