Nas nossas democracias a ânsia da maioria dos mortais é alcançar em sete linhas o louvor do jornal. Para se conquistarem essas sete linhas benditas, os homens praticam todas as ações - mesmo as boas.
O apreço exterior pela arte é a sobrecasaca da inteligência.
Pensar e fumar são duas operações idênticas que consistem em atirar pequenas nuvens ao vento.
Os sentimentos mais genuinamente humanos logo se desumanizam na cidade.
Quem sem descanso apregoa a sua virtude, a si próprio se sugestiona virtuosamente e acaba por ser às vezes virtuoso.
É o comer que faz a fome.
O jornal exerce todas as funções do defunto Satanás, de quem herdou a ubiquidade; e é não só o pai da mentira, mas o pai da discórdia.
A arte é um resumo da natureza feito pela imaginação.
Para aparecerem no jornal, há assassinos que assassinam.
É o coração que faz o caráter.
O amor eterno é o amor impossível.
Os amores possíveis começam a morrer
no dia em que se concretizam.
Que mérito há em amar os que nos amam?
Políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos pelo mesmo motivo.
Quando não se tem aquilo que se gosta é necessário gostar-se daquilo que se tem.
Os políticos e a as fraldas são semelhantes , possuem o mesmo conteúdo
A curiosidade leva por um lado a escutar às portas e por outro a descobrir a América
A todo viver corresponde um sofrer.
O maior espetáculo para o homem será sempre o próprio homem.
Nos amores deste mundo, desde Eva, ha sempre um que ama e outro que se deixa amar
Curiosidade: instinto que leva alguns a olhar pelo buraco da fechadura, e outros a descobrir a América.
Quem não conhece o poder da oração,
é porque não viveu as amarguras da vida!
Chorai!, chorai! Enquanto a mim, a dor sufoca-me.
É que o amor é essencialmente perecível, e na hora em que nasce começa a morrer. Só os começos são bons. Há então um delírio, um entusiasmo, um bocadinho do céu. Mas depois! Seria pois necessário estar sempre a começar, para poder sempre sentir?
... Nem a ciência, nem as artes, nem mesmo o dinheiro, nem o amor, poderiam ja dar um gosto interno e real as nossas almas saciadas. Todo o prazer que extraía de criar, estava esgotado. Só restava, agora, o divino prazer de DESTRUIR.
O Primo Basílio
... tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!
Ergueu-se de um salto, passou rapidamente um roupão, veio levantar os transparentes da janela... Que linda manhã! Era um daqueles dias do fim de agosto em que o estio faz uma pausa; há prematuramente, no calor e na luz, uma certa tranqüilidade outonal; o sol cai largo, resplandecente, mas pousa de leve; o ar não tem o embaciado canicular, e o azul muito alto reluz com uma nitidez lavada; respira-se mais livremente; e já se não vê na gente que passa o abatimento mole da calma enfraquecedora. Veio-lhe uma alegria: sentia-se ligeira, tinha dormido a noite de um sono são, contínuo, e todas as agitações, as impaciências dos dias passados pareciam ter-se dissipado naquele repouso. Foi-se ver ao espelho