Livros de Tati Bernardi

Sobre o Autor

Tati Bernardi

Tati Bernardi Teixeira Pinto é uma publicitária paulistana, autora de quatro livros e muito conhecida no mundo virtual por seus textos, site e blog.

Melhores Livros de Tati Bernardi

Nem tinha certeza se era amor mesmo, só sabia daquele sentimento que habitava no peito, o coração palpitava quando o encontrava, talvez não seja amor, talvez sejam só problemas no coração, que causava suor nas mãos, e faziam as pernas bambear, e a respiração acelerar , merda, mas talvez seja amor.

Às vezes você é tão bobo, e me faz sentir tão boba, que eu tenho pena de como o mundo era bobo antes da gente se conhecer. Eu queria assinar um contrato com Deus: se eu nunca mais olhar para homem nenhum no mundo, será que ele deixa você ficar comigo pra sempre? (…)E quando já não sei mais o que sentir por você, eu respiro fundo perto da sua nuca, e começo a querer coisas que eu nem sabia que existiam. Eu preciso disfarçar que não paro mais de rir, mas aí olho pra você e você também está sempre rindo. Você quebrou minhas pernas, me fez comprar um vestido cheio de rendas e babados, tirou as pedras da minha mão. Você diz que me quer com todas as minhas vírgulas, eu te quero como meu ponto final.

Achei que eu ia ser esperta pra sempre, mas para a minha grande alegria estou me sentindo uma idiota. Sabe o que eu fiz hoje? As pazes com o Bob Marley, com o Bob Dylan e até com o ovomaltine do Bob’s. As pazes com os casais que se balançam abraçados enquanto não esperam nada, as pazes com as pessoas que não sabem ver o que eu vejo.

”É verdade que eu já terminei relacionamentos por achar que merecia mais, e de fato merecia. Não é prepotência, longe de mim. Só que quando você sabe que vale muito, você passa a não se contentar com pouco entende? A menos, claro, quando você tá burra, idiota e cega de amor, o que é um caso à parte. Às vezes tenho curiosidade de saber como as coisas teriam sido, mas acho que relacionamento antigo… é uma coisa que não se revive sabe? Dificilmente dá certo! É muito bonito em novela, mas quando você volta com um ex você se lembra claramente e a todo segundo o porquê de vocês terem terminado. Obviamente eu não quero alguém perfeito, me dá tédio só de pensar em alguém fazendo tudo certo sempre. Aprendi a conviver com as diferenças e até admirá-las. Mas, definitivamente, não aceito ter metade de alguém, ser meio amada, sobreviver de migalhas num relacionamento falido ou fadado a falência. Aliás, não quero ter nem ser de ninguém. Quero algo além desse sentimento de posse, quero a entrega todo dia, por vontade própria. Sem contratos de amor eterno. Que o meu alguém tenha mil defeitos, seja o oposto de todas as minhas idealizações, mas que me ame com o coração e a alma, me respeite, cuide de mim, me proteja. Sem sufocações, sem pressões, um amor leve e sem cobranças. Que a gente não criasse vínculos de dependência, mas que o nosso vício fosse nós. E que seja eterno leve enquanto dure.”

Olhe pra mim. Não tenho nada dentro de mim. Nada. Não tenho vontade nenhuma de lutar por você, mas também não tenho vontade nenhuma de não lutar. Não espero nada, mas também não espero outra coisa nenhuma. Eu não tenho nada. Eu perambulo por aí, atendendo meus 78 mil amigos e odiando ver o nome de cada um deles no visor do meu celular. Todos divertidos, leves, incríveis, amigos. E eu cagando um mundo pra toda essa merda.

E eu odeio o mundo por isso, eu acho o mundo muito medíocre, eu tenho pena de todas essas pessoas que não sabem o que é encaixar o rosto no vão das suas costas e querer ser embalsamado ali por mil anos. Amor de verdade não acaba, é o que dizem, mas eu tenho medo. Eu tenho medo de quantos mijos, bocejos, cinzas e óculos de surfistas eu ainda vou ver sem você, eu tenho medo dos meus pedaços espalhados pelo mundo, eu tenho medo do vento passar enquanto eu estou míope, e eu ficar míope pra sempre. Eu tenho medo de tudo isso apagar e o vento levar suas cinzas, desse fogo todo ser de palha, como dizem. Da dor que se dissipa a cada respirada mais funda e cheia de coragem de ser só. Eu tenho medo da força absurda que eu sinto sem você, de como eu tenho muito mais certeza de mim sem você, de como eu posso ser até mais feliz sem você. Pra não pensar na falta, eu me encho de coisas por aí. Me encho de amigos, bares, charmes, possibilidades, livros, músicas, descobertas solitárias e momentos introspectivos andando ao Sol. E todo esse resto de coisas deixa ao pouco de ser resto, e passa a ser minha vida, e passa a enterrar você de grão em grão (…)

#10077; Ontem eu não queria ir embora e esperar o dia seguinte. Porque cansei dessa gente que me manda ter mais calma, e me diz que sempre tem outro dia. E me diz que eu não posso esperar nada de ninguém. E me diz que eu preciso de uma camisa de força. Se você puder sofrer comigo a loucura que é estar vivo, se você puder passar a noite em claro comigo de tanta vontade de viver esse dia sem esperar o outro, como fazia antes, se você puder esquecer a camisa de força e me enroscar no seu corpo para que duas forças loucas tragam algum equilibrio… Se você puder ser alguém de quem se espera algo, (afinal, é uma grande mentira viver sozinho), permita-se. Eu mais uma vez me pergunto como é mesmo que se faz a coisa mais profunda do mundo com total superficialidade. Como é que se ama sem amor? Nunca soube.

(…) Me recordei rapidamente de todas as pessoas e coisas que perdi por ainda não estar preparada para elas, ou por ainda ter muita curiosidade de mundo e dificuldade em ser permanente. Recordei de amigos e parentes distantes, aqueles que eu sempre deixo pra depois porque moram muito longe ou acabaram se tornando pessoas muito diferentes de mim, sempre penso “mês que vem faço contato com eles”. E se não tiver mês que vem?

Mulher é foda mesmo. Têm todos os motivos do mundo pra mandar o filho da puta sumir, e acaba respondendo o sms que não era pra responder.

A situação da minha montanha de emoções hoje tá russa.”

“Esqueci que você também tinha me feito sorrir um dia, e que eu poderia escolher você para fugir de toda a feiúra do mundo.”

E quando ele riu, eu percebi. Eu percebi que eu estava na merda. Porque adoro esses caras que dão risada com a cara inteira mas continuam com os olhos um pouco tristes e parados.

Então liguei pro meu velho amigo de sempre. E ele veio correndo, consertar meu coração, acalmar meus medos. E disse que nada mudou, foram 56 mil anos mas nada mudou. Ele ainda está aqui pra mim.

- Você é uma menininha. - Perto de você eu consigo ser e você não sabe o prazer que isso me dá. - Se sentir menina? - Estar com um homem, eu só andei com moleques nos últimos anos !

Quem atira pra todo lado, uma hora atira em si mesmo.

Mas se eu parar de te procurar, aí é a sua vez de me entender.

E você continua indo embora, e eu continuo ficando, vendo você levar partes de mim que antes eu nem sentia falta.

A vida voa na sua cara, esbarra no seu rosto, suja sua vaidade, corrompe suas certezas, e você não pode fazer nada. A não ser lavar o rosto e começar tudo de novo.

Eu me cobrava tanto ser feliz que às vezes perdia a noção de que já era.

(…) Me recordei rapidamente de todas as pessoas e coisas que perdi por ainda não estar preparada para elas, ou por ainda ter muita curiosidade de mundo e dificuldade em ser permanente. Recordei de amigos e parentes distantes, aqueles que eu sempre deixo pra depois porque moram muito longe ou acabaram se tornando pessoas muito diferentes de mim, sempre penso “mês que vem faço contato com eles”. E se não tiver mês que vem?

Garçom… que dose de mentira você tem? - Temos: eu te amo, nunca vou te deixar, eu quero você comigo, sinto saudades e também temos uma que anda saindo bastante: ‘pode confiar em mim’. - Ah… Manda todas que hoje eu quero me iludir Garçom… que dose de mentira você tem? - Temos: eu te amo, nunca vou te deixar, eu quero você comigo, sinto saudades e também temos uma que anda saindo bastante: ‘pode confiar em mim’. - Ah… Manda todas que hoje eu quero me iludir

Fiquei triste o dia inteiro, aí você me procura, inevitável, acabei sorrindo ao ver você falando comigo. Droga, você também não me ajuda. Queria tanto ficar bem sem você, sem falar, sem contato, mas ao mesmo tempo quase morro quando você não me conta como foi seu dia.

Mas a lição que eu aprendi é que não vale a pena consertar um carro pela décima vez. É mais fácil comprar um novo e fim de papo. Afinal, eu bem que tentei consertar meu relacionamento com algumas pessoas e só ganhei mais e mais poses e menos verdades. Ainda que doa deixar pessoas morrerem, se agarrar a elas é viver mal assombrado.

Por um instante quis sentir falta de alguém, mas não consegui me lembrar de ninguém. Por outro instante quis inventar uma pessoa, mas eu era tão de verdade naquele momento que me faltou capacidade para ser enganada.

Eu quero é ser o melhor que você merece. E de tudo que posso ser pra você, eu só pediria que nunca fugisse de mim. Eu irei segurar sua mão como quem segura a mão de alguém que esteja pendurado sobre um barranco. E de nenhuma forma te prender, mas sentir medo de te perder. E esperar suas mudanças naturalmente sem forçar você. Roubar mil beijos seus, quando você decidir ter alguma crise de raiva, tentar te acalmar e ser incapaz de causar algum sofrimento a você. E eu não somente diria que canta mal como cantaria com você. E quando você decidir falar demais, que eu debruçe sua cabeça no meu ombro e escute tudo que tem a dizer. E, quando for desastrado, que haja fôlego para não morrermos de tanto rir. E que você sinta vontade de precisar de mim, mas não só quando houver necessidade, que você sinta isso mesmo tendo passado um dia inteiro comigo. E que você suporte os meus defeitos e se sinta orgulhoso das minhas qualidades. Eu quero sempre encontrar você, seja lá onde você estiver, e que eu consiga ser a sua perfeita, mesmo sendo imperfeita.”

Fala, eu aguento. Vocês foram embora apenas porque acabou o tesão, porque a assistente nova que apareceu prometia um sexo mais selvagem. Ou porque, uma vez tendo conseguido tudo de mim, vocês, caçadores, precisavam de uma nova presa. Ou porque é assim mesmo. As coisas começam e acabam. Tudo bem que ando meio sem “meio” nessa infinidade de começos e fins. Tudo é muito rápido. E daí vêm minhas amigas e analistas e livros e filmes e peças de teatro e tias e mães de amigas: eles têm medo de você. Porque você ganha bem, porque você tem opinião, porque você namorou muitos caras, porque você é crítica, porque você é inteligente. Ah vá. E Papai Noel e Coelhinho da Páscoa também foram embora porque nós, mulheres modernas, assustamos eles. E que mulher em pleno 2011 não é moderna? Que papo mais besta e mentiroso. Espia aí da sua janela. Por acaso você vê alguma virgem andando de anágua na rua, acompanhada de um homem para não ficar mal-falada? Por favor, me ajude a parar a disseminação desenfreada dessa falácia. Fale pra sua mulher “tô indo embora porque você tem bafo”. Ou ainda “tô indo embora porque odeio o som que você faz pra limpar a garganta de manhã”. Pode ser bem sincero mesmo, “tô indo embora porque preciso comer alguém mais magra”. Pode doer na hora, mas é melhor do que essa multidão de mulheres tagarelando pelas ruas com seus saltos e diplomas e agendas e pressas: coitado, sou muito boa pra ele, ele ficou com medo de mim! Você que nasceu homem, você que nasceu esse ser completamente diferente e estranho pra mim, mas que, ainda assim, é algo sem o qual minha vida fica triste e chata, faça um favor: me escreva e seja muito honesto. Prometo jamais divulgar seu nome. Leio e deleto tudo. Mas, se você tem piedade do sexo oposto, por favor, só por esta vez, me diga honestamente: existe MESMO esse lance de ter medo de mulher bacanuda? Porque esse papo, que tanto ouvimos em psicanalistas, programas de auditório, cartomantes e revistas modernas da mulher suicida… Não, não pode ser. Eu não posso crer que uma burra assuste menos. Eu duvido que uma feinha seja melhor porque causa menos dor de cabeça. Que uma sonsa muda e sem opinião seja o símbolo da paz que vocês tanto buscam. Pra mim é inaceitável que uma mulher vivida possa colocar a segurança de vocês em risco. Me digam que é mentira, por favor. Não é possível que sonhamos a vida inteira com seres tão fracos para construirmos nossas vidas. E que, enquanto lemos e aprendemos e malhamos e ganhamos dinheiro e curtimos a vida para nos tornar mulheres mais interessantes e vividas e gostosas, só estamos nos distanciando mais de vocês. E que a prima lobotomizada do interior de Caxote Mirim do Cupuaçu mexe com vocês de um jeito inexplicável. Ela é doce e meiga. Ela nunca levanta a voz ou discorda. Ela não te cobra e sempre te recebe com um sorriso nos lábios. Ela te esperou a vida inteira. Ela não faz mal a uma mosca. Doce Maria das Graças, mulher que aturou seu avô, morreu sem nunca dar um murro na mesa do restaurante e nunca mais vai reencarnar, para o deleite dos seus oprimidos sonhos arcaicos.

Quero acordar do seu lado num domingo de manhã. Quero ver você me olhar entre um gole de café e outro, sem nada para dizer, e apenas sorrir antes de voltar a folhar o caderno de cultura. Quero a sua mão no meu cabelo, dentro do carro, no caminho do seu apartamento. Quero deitar no sofá e ver você cuidar das plantas, escolher a playlist no ipod e dobrar as roupas esquecidas em cima da cama. E que, sem mais nem menos, você desista da arrumação, me jogue sobre a bagunça, me beije e me abrace como nunca fez antes com outra pessoa. Quero deitar do seu lado na rede, olhando a lua e ouvindo você me contar histórias do passado. Quero escutar você falar do futuro e sonhar com minha imagem nele. Quero que você ignore a improbabilidade da nossa jornada e fale da casa que teremos no campo. Quero que você a descreva em detalhes, que fale do jardim que construiremos, e dos cachorros que compraremos. E que faça tudo isso enquanto passa a mão nas minhas costas e me beija o rosto. Que você me guarde na memória, mais do que nas fotos. E que, até o último dia da sua vida, você espalhe delicadamente a nossa história, para poucos ouvintes, como se ela tivesse sido a mais bela história de amor da sua vida. E que uma parte de você acredite que ela foi, de fato, a mais bela história de amor da sua vida. Quero que você nunca mais deixe de pensar em mim.

Todo mundo tem suas carências, todo mundo é humano, todo mundo sente. Uns sentem mais, outros menos, alguns quase nada, mas sentem. Podem adorar ser livre de noite na balada, no barzinho com os amigos, mas pelo menos antes de dormir ser livre pesa.

Sentir falta é diferente de sentir saudade. A saudade bate, agonia, estremece. A falta congela, chora, entristece. A saudade é a certeza que a pessoa vai voltar. A falta, é o querer ter de volta, mas saber que não vai ter.

Vocês (homens) nem sempre sabem, mas além de peito e bunda, a gente tem sentimentos, quase sempre a flor da pele. Somos damas, somos dramas, acostumem-se. Mulher não é boneca inflável, só tem quem pode! Levar muitos corpos pra cama é fácil, quero ver aguentar o tranco de conquistar corpo e alma, até o final.