A paciência em muitos casos não é mais senão medo, preguiça ou impotência.
O nosso amor-próprio é tão exagerado nas suas pretensões, que não admira se quase sempre se acha frustrado nas suas esperanças.
Os grandes, os ricos e os sábios sorriem-se: os pequenos, os pobres e os néscios dão gargalhadas.
O fraco ofendido atraiçoa, o forte e magnânimo perdoa.
Os anarquistas são como os jogadores infelizes ou inábeis, que, baralhando muito as cartas, ou mudando de baralhos, esperam melhorar de fortuna e condição.
Os velhos invejam a saúde e vigor dos moços, estes não invejam o juízo e a prudência dos velhos: uns conhecem o que perderam, os outros desconhecem o que lhes falta.
Pouco dizemos quando o interesse ou a vaidade não nos faz falar.
Ignorância e pobreza vêm de graça, não custam trabalho nem despesa.
Os homens são geralmente tão avaros do seu dinheiro, como pródigos dos seus conselhos.
Ignorância e preguiça a ninguém enriquecem.
Deixamos de subir alto quando queremos subir de um salto.
Quando o amor nos visita, a amizade despede-se.
A imaginação é o paraíso dos afortunados, e o inferno dos desgraçados.
Há verdades que é mais perigoso publicar do que foi difícil descobrir.
Não há escravidão pior que a dos vícios e paixões.
Desprezos há, e de pessoas tais, que honram muito os desprezados.
A inveja de muitos anuncia o merecimento de alguns.
A força sem inteligência é como o movimento sem direcção.
O nosso orgulho eleva-nos para que nos precipitemos de mais alto.
Sempre haverá mais ignorantes que sabedores, enquanto a ignorância for gratuita e a ciência dispendiosa.
É nas grandes assembleias deliberantes que melhor se conhece a disparidade das opiniões dos homens, e o jogo das paixões e interesses individuais.
Os moços, por falta de experiência, de nada suspeitam, os velhos, por muito experimentados, de tudo desconfiam.
A obstinação nas disputas é quase sempre efeito do nosso amor-próprio: julgamo-nos humilhados se nos confessamos convencidos.
A indiferença ou apatia que em muitos é prova de estupidez pode ser em alguns o produto de profunda sapiência.
O interesse explica os fenómenos mais difíceis e complicados da vida social.
Ganhamos frequentes vezes perdoando oportunamente.
Os bons presumem sempre bem dos outros; os maus, pelo contrário, sempre mal; uns e outros dão o que têm.
Não há coisa mais fácil que vencer os outros homens, nem mais difícil que vencer-nos a nós mesmos.
A paciência dispensa a resistência e a reacção.
Ninguém se conhece tão bem como aquele que mais desconfia de si próprio.