Livros de Marquês de Maricá

Sobre o Autor

Marquês de Maricá

Pseudónimo de Mariano da Fonseca (1773-1848), político carioca.

Melhores Livros de Marquês de Maricá

Os homens geralmente preferem ser enganados com prazer a ser desenganados com dor e desgosto.

Os bens que a ambição promete são como os do amor, melhores imaginados que conseguidos.

Dos especuladores em revoluções muitos se perdem, e poucos prosperam por algum tempo.

Os pequenos inimigos, ainda que menos danosos, são sempre mais incómodos que os grandes.

Para bem conhecer os homens, é necessário primeiramente vê-los e praticá-los de perto, e depois estudá-los e meditá-los de longe.

O juízo, por mais vulgar, é menos apreciado que o engenho.

Perdoamos mais vezes aos nossos inimigos por fraqueza, que por virtude.

Os abusos, como os dentes, nunca se arrancam sem dores.

Adular os tolos é um meio ordinário de os desfrutar; os velhacos empregam-no eficazmente.

O velho calcula muito, executa pouco: a mocidade é mais executiva que deliberativa.

São incalculáveis os benefícios que provêm da noção de incerteza do dia e ano da nossa morte: esta incerteza corresponde a uma espécie de eternidade.

O arrependimento é ineficaz quando as reincidências são consecutivas.

Os velhos tornam-se nulos e inúteis à força de prudência e circunspecção.

A vida humana é uma intriga perene, e os homens são recíproca e simultaneamente intrigados e intrigantes.

O espírito vive de ficções, como o corpo se nutre de alimentos.

Todos se queixam, uns dos males que padecem, outros da insuficiência, incerteza, ou limitação dos bens de que gozam.

As virtudes se harmonizam, os vícios discordam sempre entre si.

Há povos que são felizes em não ter mais que um só tirano.

Nunca perdemos de vista o nosso interesse, ainda mesmo quando nos inculcamos desinteressados.

Condenamos por ignorantes as gerações pretéritas, e a mesma sentença nos espera nas gerações futuras.

Há certos passatempos e prazeres ilícitos, que censuramos nos outros, mais por inveja do que por virtude.

Louvemos a quem nos louva para abonarmos o seu testemunho.

A ambição sujeita os homens a maior servilismo do que a fome e a pobreza.

As paixões são como os vidros de graus, que alteram para mais ou para menos a grandeza e volume dos objectos.

A ignorância pasma ou espanta-se, mas não admira.

Uma grande qualidade ou talento desculpa muitos pequenos defeitos.

A maledicência é uma ocupação e lenitivo para os descontentes.

A experiência que não dói pouco aproveita.

Todos querem liberdade, muitos a possuem, poucos a merecem.

Ninguém duvida tanto como aquele que mais sabe.