Disseram-me algo
a tarde e a montanha.
Já não lembro mais.
aqui também essa desconhecida
e ansiosa e breve coisa
que é a vida
O homem está morto.
A barba não sabe.
Crescem as unhas.
Calam-se as cordas.
A música sabia
o que eu sinto.
Eu sempre achei que o paraiso era como uma livraria
Calam-se as cordas.
A música sabia
o que eu sinto.
Acho que o escritor deve escrever para a alegria do leitor.
Creio que uma forma de felicidade é a leitura.
A ociosa espada
sonha com suas batalhas.
Outro é meu sonho.
Eu não falo de vingança nem de perdão, o esquecimento é a única vingança e o único perdão
Todos os caminham levam à morte. Perca-se.
Crer no amor é ter fé num deus falível
Qualquer destino, por mais longo e complicado que seja, vale apenas por um único momento: aquele em que o homem compreende de uma vez por todas quem é.
Enquanto dura o remorso, dura a culpa.
Somos todos semelhantes à imagem que os outros têm de nós.
Há aqueles que não podem imaginar o mundo sem pássaros;
Há aqueles que não podem imaginar o mundo sem água;
Ao que me refere, sou incapaz de imaginar um mundo sem livros.
O livro é uma das possibilidades de felicidade de que dispomos.
Todos os caminhos levam à morte. Perca-se
Sou um homem de letras, nada mais. Não estou certo de ter pensado nada de original em minha vida. Sou um fazedor de sonhos.
A amizade entre homem e mulher, mesmo que inconscientemente, é sempre um pouco erótica.
O dever de todas as coisas é ser uma felicidade.
Dos diversos instrumentos utilizados pelo homem, o mais espetacular é sem dúvida, o livro. Os demais são extensões de seu corpo. O microscópio, o telescópio são extensões de sua visão; o telefone é a extensão de sua voz; em seguida, temos o arado a espada, extensões de seu braço. O livro, porém, é outra coisa.
Os meus livros
Os meus livros (que não sabem que existo)
São uma parte de mim, como este rosto
De têmporas e olhos já cinzentos
Que em vão vou procurando nos espelhos
E que percorro com a minha mão côncava.
Não sem alguma lógica amargura
Entendo que as palavras essenciais,
As que me exprimem, estarão nessas folhas
Que não sabem quem sou, não nas que escrevo.
Mais vale assim. As vozes desses mortos
Dir-me-ão para sempre.
Se algo insiste em não estar bom pra você, não insista mais. Pegue seu boné e on the road. Sempre haverá outras pessoas, outros lugares, outros trabalhos, outras paixões que parecerão pra vida toda, outros projetos Melhores, piores ou simplesmente diferentes daqueles aos quais você se acostumou.
Sou
Sou o que sabe não ser menos vão
Que o vão observador que frente ao mudo
Vidro do espelho segue o mais agudo
Reflexo ou o corpo do irmão.
Sou, tácitos amigos, o que sabe
Que a única vingança ou o perdão
É o esquecimento. Um deus quis dar então
Ao ódio humano essa curiosa chave.
Sou o que, apesar de tão ilustres modos
De errar, não decifrou o labirinto
Singular e plural, árduo e distinto,
Do tempo, que é de um só e é de todos.
Sou o que é ninguém, o que não foi a espada
Na guerra. Um esquecimento, um eco, um nada.
As Coisas
A bengala, as moedas, o chaveiro,
A dócil fechadura, as tardias
Notas que não lerão os poucos dias
Que me restam, os naipes e o tabuleiro,
Um livro e em suas páginas a desvanecida
Violeta, monumento de uma tarde
Sem dúvida inesquecível e já esquecida,
O rubro espelho ocidental em que arde
Uma ilusória aurora. Quantas coisas,
Limas, umbrais, atlas, taças, cravos,
Servem-nos, como tácitos escravos,
Cegas e estranhamente sigilosas!
Durarão para além de nosso esquecimento;
Nunca saberão que partimos em um momento.
Elogio da Sombra
A velhice (tal é o nome que os outros lhe dão)
pode ser o tempo de nossa felicidade.
O animal morreu ou quase morreu.
Restam o homem e sua alma.
Vivo entre formas luminosas e vagas
que não são ainda a escuridão.
Buenos Aires,
que antes se espalhava em subúrbios
em direção à planície incessante,
voltou a ser La Recoleta, o Retiro,
as imprecisas ruas do Once
e as precárias casas velhas
que ainda chamamos o Sul.
Sempre em minha vida foram demasiadas as coisas;
Demócrito de Abdera arrancou os próprios olhos para pensar;
o tempo foi meu Demócrito.
Esta penumbra é lenta e não dói;
flui por um manso declive
e se parece à eternidade.
Meus amigos não têm rosto,
as mulheres são aquilo que foram há tantos anos,
as esquinas podem ser outras,
não há letras nas páginas dos livros.
Tudo isso deveria atemorizar-me,
mas é um deleite, um retorno.
Das gerações dos textos que há na terra
só terei lido uns poucos,
os que continuo lendo na memória,
lendo e transformando.
Do Sul, do Leste, do Oeste, do Norte
convergem os caminhos que me trouxeram
a meu secreto centro.
Esses caminhos foram ecos e passos,
mulheres, homens, agonias, ressurreições,
dias e noites,
entressonhos e sonhos,
cada ínfimo instante do ontem
e dos ontens do mundo,
a firme espada do dinamarquês e a lua do persa,
os atos dos mortos,
o compartilhado amor, as palavras,
Emerson e a neve e tantas coisas.
Agora posso esquecê-las. Chego a meu centro,
a minha álgebra e minha chave,
a meu espelho.
Breve saberei quem sou.
Si pudiera vivir nuevamente ...
Si pudiera vivir nuevamente mi vida
en la próxima trataría de cometer más errores.
No intentaría ser tan perfecto, me relajaría más.
Sería más tonto de lo que he sido
De hecho tomaría muy pocas cosas com seriedad.
Sería menos higiénico; correría más riesgos,
haría más viajes, contemplaría más atardeceres,
subiría más montañas, nadaría más rios.
Iría a más lugares a donde nunca he ido,
tendería más problemas reales y menos imaginarios.
Yo fui una de esas personas que vivió sensata y
prolíficamente cada minuto de su vida,
claro que tuve momentos de alegria,
pero si pudiera volver atrás, trataría de tener solamente
buenos momentos.
Pero si no saben, de eso esta hecha la vida, solo de
momentos; no te pierdas el de ahora.
Yo era uno de esos que nunca van a ninguna parte sin un
termómetro, una bolsa de agua caliente, um paraguas y un
paracaídas; si pudiera volver a vivir, viajaría más
liviano.
Si pudiera volver a vivir comenzaría a andar descalzo a
principios de la primavera y seguiría así hasta concluir el otoño.
Daría más vueltas en calesita, contemplaría más amaneceres
y jugaría com má niños,
si tuviera outra vez la vida delante.
Pero yá vem, tengo 85 años y sé me estoy muriendo!...