Livros de Chico Buarque

Sobre o Autor

Chico Buarque

Chico Buarque de Hollanda (19 de junho de 1944, Rio de Janeiro), músico brasileiro. É considerado um dos maiores nomes da MPB - Música Popular Brasileira.

Melhores Livros de Chico Buarque

Sem açúcar Todo dia ele faz diferente Não sei se ele volta da rua Não sei se me traz um presente Não sei se ele fica na sua Talvez ele chegue sentido Quem sabe me cobre de beijos Ou nem me desmancha o vestido Ou nem me adivinha os desejos Dia ímpar tem chocolate Dia par eu vivo de brisa Dia útil ele me bate Dia santo ele me alisa Longe dele eu tremo de amor na presença dele me calo Eu de dia sou sua flor Eu de noite sou seu cavalo A cerveja dele é sagrada A vontade dele é a mais justa A minha paixão é piada A sua risada me assusta Sua boca é um cadeado E meu corpo é uma fogueira Enquanto ele dorme pesado Eu rolo sozinha na esteira

- Quem é você? - Adivinha, se gosta de mim! Hoje os dois mascarados Procuram os seus namorados Perguntando assim: - Quem é você, diga logo... - Que eu quero saber o seu jogo... - Que eu quero morrer no seu bloco... - Que eu quero me arder no seu fogo. - Eu sou seresteiro, Poeta e cantor. - O meu tempo inteiro Só zombo do amor. - Eu tenho um pandeiro. - Só quero um violão. - Eu nado em dinheiro. - Não tenho um tostão. Fui porta-estandarte, Não sei mais dançar. - Eu, modéstia à parte, Nasci pra sambar. - Eu sou tão menina... - Meu tempo passou... - Eu sou Colombina! - Eu sou Pierrô! Mas é Carnaval! Não me diga mais quem é você! Amanhã tudo volta ao normal. Deixa a festa acabar, Deixa o barco correr. Deixa o dia raiar, que hoje eu sou Da maneira que você me quer. O que você pedir eu lhe dou, Seja você quem for, Seja o que Deus quiser! Seja você quem for, Seja o que Deus quiser!

E a sorte grande do bilhete pela federal todo mês Esperando, esperando, esperando, esperando o sol Esperando o trem, esperando aumento para o mês que vem Esperando a festa, esperando a sorte E a mulher de Pedro, esperando um filho prá esperar também

Quando você me quiser rever Já vai me encontrar refeita, pode crer. Olhos nos olhos, Quero ver o que você faz Ao sentir que sem você eu passo bem demais E que venho até remoçando, Me pego cantando, sem mais, nem por quê. Tantas águas rolaram, Quantos homens me amaram Bem mais e melhor que você. Quando talvez precisar de mim, Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim. Olhos nos olhos, Quero ver o que você diz. Quero ver como suporta me ver tão feliz.

Esse silêncio todo me atordoa; Atordoado eu permaneço atento

É preciso sempre desconfiar das coisas fáceis.

Tudo tomou seu lugar depois que a banda passou. E cada qual no seu canto, em cada canto uma dor, depois da banda passar...

Roda mundo, roda gigante Roda moinho, roda pião O tempo rodou num instante Nas voltas do meu coração...

Pois eu sonhei contigo e caí da cama. Ai, amor, não briga! Ai, não me castiga! Ai, diz que me ama e eu não sonho mais!

Então! Disfarçar minha dor Eu não consigo dizer: Somos sempre bons amigos É muita mentira para mim...

Ah, eu quero te dizer Que o instante de te ver Custou tanto penar Não vou me arrepender Só vim te convencer Que eu vim pra não morrer De tanto te esperar

Sei que há léguas a nos separar Tanto mar, tanto mar Sei, também, que é preciso, pá Navegar, navegar Lá faz primavera, pá Cá estou doente Manda urgentemente Algum cheirinho de alecrim

A Rita levou meu sorriso. No sorriso dela, Meu assunto. Levou junto com ela, O que me é de direito. Arrancou-me do peito.

Por trás de um homem triste há sempre uma mulher feliz e atrás dessa mulher mil homens, sempre tão gentis. Por isso, para o seu bem, ou tire ela da cabeça ou mereça a moça que você tem.

Sei que a noite inteira eu vou cantar Até segunda feira Quando volto a trabalhar, morena Sei que não preciso me inquietar Até segundo aviso Você prometeu me amar Por isso eu conto a quem encontro pela rua Que meu samba é seu amigo Que a minha casa é sua Que meu peito é seu abrigo Meu trabalho, seu sossego Seu abraço, meu emprego Quando chego No meu lar, morena.

Mas se a ciência provar o contrário, e se o calendário nos contrariar, mas se o destino insestir em nos separar; danem-se os astros, os autos, os signos, os dogmas, os buzios, as bulas, anúncios, tratados, ciganas, projetos, sinopses, espelhos, conselhos, que se dane o evangelho e todos os orixás, serás o meu amor, serás a minha paz.

O meu amor tem um jeito manso que é só seu, que rouba os meus sentidos, viola os meus ouvidos com tantos segredos lindos e indecentes. Depois brinca comigo, ri do meu umbigo, e me crava os dentes. Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz. Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz.

Quando você me quiser rever, já vai me encontrar refeita, pode crer. Olhos nos olhos, quero ver o que você faz,ao sentir que sem você, eu passo bem demais. E que venho até remoçando, que me pego até cantando, sem mais, nem porquê. Quando talvez precisar de mim, cê sabe que a casa é sua, venha sim! Olhos nos olhos, quero ver o que você diz, quero ver como suporta me ver tão feliz!!

É uma cova grande pra tua carne pouca Mas a terra dada, não se abre a boca É a conta menor que tiraste em vida É a parte que te cabe deste latifúndio É a terra que querias ver dividida Estarás mais ancho que estavas no mundo Mas a terra dada, não se abre a boca.

Eu quero que mamãe me veja pintando a boca em coração Será que vai morrer de inveja ou não Ai, se papai me pega agora abrindo o último botão Será que ele me leva embora ou não Será que fica enfurecido será que vai me dar razão Chorar o seu tempo vivido em vão

Criei barriga, a minha mula empacou Mas vou até o fim Não tem cigarro acabou minha renda Deu praga no meu capim Minha mulher fugiu com o dono da venda O que será de mim ? Eu já nem lembro pronde mesmo que eu vou Mas vou até o fim

mor, eu me lembro ainda Que era linda, muito linda Um céu azul de organdi A camisola do dia Tão transparente e macia Que eu dei de presente a ti Tinha rendas de Sevilha A pequena maravilha Que o teu corpinho abrigava E eu, eu era o dono de tudo Do divino conteúdo Que a camisola ocultava A camisola que um dia Guardou a minha alegria Desbotou, perdeu a cor Abandonada no leito Que nunca mais foi desfeito Pelas vigílias de amor

Acorda amor Não é mais pesadelo nada

E quando eu me apaixonei Não passou de ilusão, o seu nome rasguei Fiz um samba canção das mentiras de amor Que aprendi com você

Eu trago o peito tão marcado De lembranças do passado

Ah! felicidade Em que vagão de trem noturno viajarás?

Não sei se você ainda é o mesmo Ou se cortou os cabelos Rasgou o que é meu Se ainda tem saudades.

Acho uma delícia quando você esquece os olhos em cima dos meus, ou quando sua risada se confunde com a minha.”

E quando ela está nos meus braços; As tristezas parecem banais; O meu coração aos pedaços; Se remenda prum número a mais

Às vezes o que a gente procura, não é o que a gente procura. É o que a gente encontra.