Livros de Charles Baudelaire

Jai cultivé mon hystérie avec jouissance et terreur. Maintenant, jai toujours le vertige, et aujourdhui, 23 janvier 1862, jai subi un singulier avertissement, jai senti passer sur moi le vent de laile de limbécillité.

Sobre o Autor

Charles Baudelaire

Charles Pierre Baudelaire (9 de Abril de 1821 - 31 de Agosto de 1867) foi um poeta e teórico da arte francês. É considerado um dos precursores do Simbolismo, embora tenha se relacionado com diversas escolas artísticas. Sua obra teórica também influenciou

Melhores Livros de Charles Baudelaire

Mais frases de Charles Baudelaire

As nações não têm grandes homens senão contra a vontade delas - assim como as famílias.

Apenas é igual a outro quem prova sê-lo e apenas é digno da liberdade quem a sabe conquistar.

Quem não souber povoar a sua solidão, também não conseguirá isolar-se entre a gente.

A imaginação é a rainha do real e o possível é uma das províncias do real.

Deus é o único ser que, para reinar, nem precisa existir.

Só nos esquecemos do tempo quando o utilizamos.

Todos os grandes poetas se tornam naturalmente, fatalmente, críticos.

Quanto mais se quer, melhor se quer.

Não podendo suportar o amor, a Igreja quis ao menos desinfectá-lo, e então fez o casamento.

Ali, tudo é ordem e perfeição. Luxo, calma, e sensação.

A felicidade é composta de pequenos prazeres.

O trabalho não é o sal que conserva as almas mumificadas?

Manejar sabiamente uma língua é praticar uma espécie de feitiçaria evocatória.

O homem que só bebe água tem algum segredo que pretende ocultar dos seus semelhantes.

O poeta é como o príncipe das nuvens. As suas asas de gigante não o deixam caminhar.

Todo o homem saudável consegue ficar dois dias sem comer - sem a poesia, jamais.

Como foi a imaginação que criou o mundo, ela governa-o.

Para o comerciante até a honestidade é uma especulação financeira.

Amar as mulheres inteligentes é um prazer de pederasta.

A imaginação é positivamente aparentada com o infinito.

Há que trabalhar, ainda que não seja por gosto, ao menos por desespero, uma vez que, bem vistas as coisas, trabalhar é menos aborrecido do que divertirmo-nos.

Que há de mais absurdo que o progresso, já que o homem, como está provado pelos fatos de todos os dias, é sempre igual e semelhante ao homem, isto é, sempre em estado selvagem.

Homem livre, tu sempre gostarás do mar.

A gramática, a mesma árida gramática, transforma-se em algo parecido a uma feitiçaria evocatória; as palavras ressuscitam revestidas de carne e osso, o substantivo, em sua majestade substancial, o adjectivo, roupa transparente que o veste e dá cor como um verniz, e o verbo, anjo do movimento que dá impulso á frase.

Existem em todo o homem, a todo o momento, duas postulações simultâneas, uma a Deus, outra a Satanás. A invocação a Deus, ou espiritualidade, é um desejo de elevar-se; aquela a Satanás, ou animalidade, é uma alegria de precipitar-se no abismo.

A admiração começa onde acaba a compreensão.

Aos olhos da saudade como o mundo é pequeno.

Que é o amor? A necessidade de sair de si. O homem é um animal adorador Adorar é sacrificar-se e prostituir-se Assim, todo amor é prostituição.

Embriaga-te sem cessar! Com vinho, com poesia e com virtude.

O homem que só bebe agua,tem u segredo a esconder.

Se o veneno, a paixão, o estupro, a punhalada Não bordaram ainda com desenhos finos A trama vã de nossos míseros destinos, É que nossa alma arriscou pouco ou quase nada.

Manier savamment une langue, c’est pratiquer une espèce de sorcellerie évocatoire.

La musique creuse le ciel

“Existem manhãs em que abrimos a janela, e temos a impressão de que o dia está nos esperando.”

O amor é um crime que não pode acontecer sem cúmplice!

Porque o túmulo há sempre de entender o poeta

Eis que alcancei o outono de meu pensamento

Como os finais de tarde outoniços são penetrantes! Ah! Penetrantes até a dor!

A alma toma cá um banho de preguiça aromatizado pela saudade e pelo desejo. - É algo crepuscular, azulado e rosado; um sonho voluptuoso durante um eclipse.

Na cama está deitada a deusa, a soberana dos sonhos. Mas como é que ela veio aqui? Quem a trouxe, que poder mágico a instalou neste trono de fantasia e de volúpia?

Que demônio benévolo é esse que me deixou assim envolto em mistério, em silêncio, em paz e perfumes?

É preciso estar sempre embriagado. Eis aí tudo: é a única questão. Para não sentirdes o horrível fardo do Tempo que rompe os vossos ombros e vos inclina para o chão, é preciso embriagar-vos sem trégua. Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa maneira. Mas embriagai-vos. E se, alguma vez, nos degraus de um palácio, sobre a grama verde de um precipício, na solidão morna do vosso quarto, vós acordardes, a embriaguez já diminuída ou desaparecida, perguntai ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que foge, a tudo que geme, a tudo que anda, a tudo que canta, a tudo que fala, perguntai que horas são; e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio, responder-vos-ão: É hora de embriagar-vos! Para não serdes os escravos martirizados do Tempo, embriagai-vos: embriagai-vos sem cessar! De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa maneira.

VAMPIRO Tu que, como uma punhalada Invadiste meu coração triste, Tu que, forte como manada De demônios, louca surgiste, Para no espírito humilhado Encontrar o leito ao ascendente, - IInfame a que eu estou atado Tal como o forçado à corrente, Como a seu jogo o jogador, Como à garrafa o beberrão, Como aos vermes a podridão - Maldita sejas, como for! Implorei ao punhal veloz Dar-me a liberdade, um dia, Disse após ao veneno atroz Que me amparasse a covardia. Mas não! O veneno e o punhal Disseram-me de ar zombeiro Ninguem te livrará afinal De teu maldito cativeiro Ah! imbecil-de teu retiro Se te livrássemos um dia, Teu beijo ressuscitaria O cadaver de teu vampiro!

Teus olhos são lassos, amante! Olhos em sono a se perder, Nesta posição tão distante Pode surpreenter-te o prezer E pelo pátio o jorro de água Não cala nunca o seu rumor, E entretém a extasiada mágoa Em que pode atirar-me o amor. Mas o amor irradia E é odo flores Ede Febo a alegria Enche-o de corres E tal chuva desfia Imensas dores

É preciso estar sempre embriagado. Isso é tudo: é a única questão. Para não sentir o horrível fardo do tempo que lhe quebra os ombros e o curva para o chão, é preciso embriagar-se sem perdão. Mas de que? De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser. Mas embriague-se. E se às vezes, nos degraus de um palácio, na grama verde de um fosso, na solidão triste do seu quarto, você acorda, a embriaguez já diminuída ou desaparecida, pergunte ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, pergunte que horas são e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio lhe responderão: É hora de embriagar-se! Para não ser o escravo mártir do tempo, embriague-se; embriague-se sem parar! De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser.

É preciso estar sempre embriagado. Para não sentirem o fardo incrível do tempo, que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem descanso. Com quê? Com vinho, poesia, ou virtude, a escolher. Mas embriaguem-se

VAMPIRO Tu que, como uma punhalada, Em meu coração penetraste Tu que, qual furiosa manada De demônios, ardente, ousaste, De meu espírito humilhado, Fazer teu leito e possessão - Infame à qual estou atado Como o galé ao seu grilhão, Como ao baralho ao jogador, Como à carniça o parasita, Como à garrafa o bebedor - Maldita sejas tu, maldita! Supliquei ao gládio veloz Que a liberdade me alcançasse, E ao vento, pérfido algoz, Que a covardia me amparasse. Ai de mim! Com mofa e desdém, Ambos me disseram então: Digno não és de que ninguém Jamais te arranque à escravidão, Imbecil! - se de teu retiro Te libertássemos um dia, Teu beijo ressuscitaria O cadáver de teu vampiro!

Il faut être toujours ivre. Tout est là: c’est l’unique question. Pour ne pas sentir l’horrible fardeau du Temps qui brise vos épaules et vous penche vers la terre, il faut vous enivrer sans trêve. Mais de quoi? De vin, de poésie ou de vertu, à votre guise. Mais enivrez-vous. Et si quelquefois, sur les marches d’un palais, sur l’herbe verte d’un fossé, dans la solitude morne de votre chambre, vous vous réveillez, l’ivresse déjà diminuée ou disparue, demandez au vent, à la vague, à l’étoile, à l’oiseau, à l’horloge, à tout ce qui fuit, à tout ce qui gémit, à tout ce qui roule, à tout ce qui chante, à tout ce qui parle, demandez quelle heure il est et le vent, la vague, l’étoile, l’oiseau, l’horloge, vous répondront: “Il est l’heure de s’enivrer! Pour n’être pas les esclaves martyrisés du Temps, enivrez-vous; enivrez-vous sans cesse! De vin, de poésie ou de vertu, à votre guise.

Il y a dans tout homme, à toute heure, deux postulations simultanées, l’une vers Dieu, l’autre vers Satan. L’invocation à Dieu, ou spiritualité, est un désir de monter en grade; celle de Satan, ou animalité, est une joie de descendre.

Jai cultivé mon hystérie avec jouissance et terreur. Maintenant, jai toujours le vertige, et aujourdhui, 23 janvier 1862, jai subi un singulier avertissement, jai senti passer sur moi le vent de laile de limbécillité.

Sim o tempo reina; ele retomou sua brutal ditadura. E está-me empurrando, como se eu fosse um boi, com seu duplo aguilhão: Vai, anda, burrico! Vai, sua, escravo! Vai, vive, maldito!

Tout homme bien portant peut se passer de manger pendant deux jours - de poésie, jamais!

...Minha alma me parecia tão vasta e pura quanto a cúpula do céu que me envolvia.

Toda pessoa traz em si uma dose de ópio natural incessantemente secretada e renovada...

Quero representar uma diversão inocente. Há poucos divertimentos que não sejam culpáveis!

Sou apaixonado pelo mistério, porque sempre tenho a esperança de desvendá-lo.

Parece-me que sempre estaria bem lá onde não estou, e essa questão de mudança é uma das que não cesso de discutir com minha alma.

Il faut être toujours ivre, tout est là ; c’est l’unique question. Pour ne pas sentir l’horrible fardeau du temps qui brise vos épaules et vous penche vers la terre, il faut vous enivrer sans trêve. Mais de quoi? De vin, de poésie, ou de vertu à votre guise, mais enivrez-vous! Et si quelquefois, sur les marches d’un palais, sur l’herbe verte d’un fossé, vous vous réveillez, l’ivresse déjà diminuée ou disparue, demandez au vent, à la vague, à l’étoile, à l’oiseau, à l’horloge; à tout ce qui fuit, à tout ce qui gémit, à tout ce qui roule, à tout ce qui chante, à tout ce qui parle, demandez quelle heure il est. Et le vent, la vague, l’étoile, l’oiseau, l’horloge, vous répondront, il est l’heure de s’enivrer ; pour ne pas être les esclaves martyrisés du temps, enivrez-vous, enivrez-vous sans cesse de vin, de poésie, de vertu, à votre guise.

Há uma terra que se parece contigo, onde tudo é belo, rico, tranquilo e honesto, onde a fantasia ergueu e decorou uma China ocidental, onde a vida é doce de respirar, onde a felicidade se une ao silêncio. É lá que devemos ir viver, é lá que devemos ir morrer! - Lhorloge

Esses tesouros, esses móveis, esse luxo, essa ordem, esses perfumes, essas flores miraculosas - és tu. Ainda és tu, esses grandes rios e canais tranquilos. Os enormes navios que eles levam, todos carregados de riquezas e de onde sobem os cantos monótonos da manobra, são meus pensamentos que dormem ou resolvem-se no teu peito. Suavemente, tu os conduzes para o mar que é o infinito, espelhando as profundezas do céu na limpidez da tua bela alma; e quando, cansados do marulho e abarrotados de produtos do Oriente, eles regressam ao porto natal, são de novo meus pensamentos enriquecidos que voltam do infinito a ti.

A UMA PASSANTE A rua, em torno, era ensurdecedora vaia. Toda de luto, alta e sutil, dor majestosa, Uma mulher passou, com sua mão vaidosa Erguendo e balançando a barra alva da saia; Pernas de estátua, era fidalga, ágil e fina. Eu bebia, como um basbaque extravagante, No tempestuoso céu do seu olhar distante, A doçura que encanta e o prazer que assassina. Brilho... e a noite depois! - Fugitiva beldade De um olhar que me fez nascer segunda vez, Não mais te hei de rever senão na eternidade? Longe daqui! tarde demais! nunca talvez! Pois não sabes de mim, não sei que fim levaste, Tu que eu teria amado, ó tu que o adivinhaste!